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O blog da Mafalda & Catarina

A Benny vai à escola (#averdadesemfloreados) – Parte I

written by Mafalda Igreja Setembro 21, 2018

Ora bem. Queria ter escrito um post, antes deste, sobre a difícil decisão de a pôr ou não na creche este ano lectivo.

Passaram-me pela cabeça montanhas de coisas.

“Entra este ano para a creche?”, “Esperamos mais um ano?”, “Se calhar eu era melhor mãe se ficasse com as duas em casa!”, “Então e a avó, que está cansada que dói e já não vai para nova, mas era mais um ano…se calhar dava o jeitinho.”, “Mas a creche é boa, pode ser que até comece a comer!”… Isto e mais um sem fim de opções que pus em cima da mesa.

Decisão tomada: Vai para a creche! Outro dia qualquer escrevo sobre isto. Hoje apetece-me deixar um desabafo honesto sobre como tem sido a adaptação.

Tem sido difícil comó camandro! Senhores ouvintes, nem vos sei bem explicar a sensação de deixar (há nove dias…e avizinham-se muitos mais) a nossa filha, bebé, de 16 meses, a chorar… sem saber muito bem o que se passa naquela cabeça, mas percebendo claramente que está a sofrer um bocadinho. Ela e eu! Sim sim sim, eu sei que não é o fim do mundo em cuecas, que é normal, que todos se adaptam, que há coisas piores na vida e que isto são probleminhas de primeiro mundo. Mas posso dizer que custa?! Custa porra! A miúda é chata e eu sou maricas!

Passo a explicar como tem sido esta adaptação:

1º dia:

Ficou a manhã mas com o pai na sala.

A Benny adorou, claro! Então uma sala cheia de brinquedos e meninos e o pai ali, ma-ra-vi-lha!

O pai ficou super impressionado com os outros meninos a chorar. Bateu-lhe forte aquilo, acreditem.

Eu fiquei tão impressionada quando vi outros bebés cheios de ranho e baba a arrastarem-se para a porta à procura do pai, mãe, avó, ou outra figura qualquer que lhes fosse familiar, que saí dali o mais depressa que a minha condição me permitiu, fui sentar-me num banquinho de jardim e chorei como uma parva. Nisto, chega uma biblioteca ambulante. A senhora, querida, vê-me, muita grávida, naquele pranto (esquecer-me da porra dos óculos de sol também não ajudou), e pergunta-me se está tudo bem. “Está está, sou muito maricas sabe, acabei de deixar a minha bebé na escola pela primeira vez!”. Confortou-me, disse que passou pelo mesmo, que pode demorar mas eles adaptam-se, descobrimos que as nossas filhas andam na mesma escola (mas têm 4 anos de diferença) e ainda me sugeriu leitura. Ainda há gente querida pah!

2º dia

Só manhã. O pai ausentou-se por uns minutos (beber café, fumar cigarro, etc.).

A Benny chorou um bocadinho, pediu colo à educadora, e depressa o pai estava de volta.

O pai, igualmente impressionado com o choro dos outros bebés (a turma da Benny são só bebés que estão ali pela primeira vez..imaginem bem o berreiro), que quando chegamos a casa disse “Não quero que ela vá para a creche!”

Eu, depois de todo um processo de decisão exaustivo, depois da decisão tomada, depois de visitar 244 creches e ter percebido que arranjar vaga é tipo encontrar uma agulha num palheiro, depois de ter escolhido (e ter vaga!), depois de ter pago inscrição, seguro e duas mensalidades, depois de ter plena confiança na equipa e de estar absolutamente alinhada com a educadora (que deve ser assim a melhor do mundo!)…Ora bem, nem vos vou dizer para onde me apeteceu mandar o rapaz! Mas não mandei, eu cá sou uma gaja educada! Pensei, ora bem, então Mimá Maria, vais ser tu a fazer isto da adaptação, portanto. Sim, que esta ansiedade e insegurança diz que passa para os miúdos, e continuando o rapaz a ir, era capaz de ser contraproducente.

3º dia

Só manhã. Vai o pai na mesma porque eu tinha ecografia e consulta. O pai sai por um período de tempo bem maior.

Eu saio da ecografia, depois de receber notícias pouco animadoras (fica para outro post!), choro, chamo um uber e pisgo-me para a escola para ver como correu a coisa. Chego quase na hora do almoço, que é quando a devemos ir buscar. Pois que Maria Benedita chorou tanto e tão desesperadamente que vomitou. Ah, que mãe não gosta de saber isto hein? Estão a ver o meu estado de espírito para o resto do dia não estão? Deve ter sido semelhante ao da Benny de manha, excluindo apenas a parte do vomitar. Pois que me achei a pior mãe do mundo, pois que pensei que afinal não a devia ter posto na escola já, pois que achei que afinal devia ter ido logo aos 4 meses, pois que chorei, pois que desabafei com amigas, pois que pesquisei no google por casos semelhantes, pois que mandei mensagem ao pediatra…enfim, uma estupidez de todo o tamanho.

O que me valeu neste dia? Óbvio que os whatsaps animadores dazamigas são sempre bons! Mas, o empurrãozinho que me faltava para ganhar coragem para encarar o dia seguinte veio do pediatra e da educadora! Pasmem-se! Tive uma sorte dos diabos, essa é que é essa. O pediatra respondeu prontamente ao meu pedido de ajuda, com uma mensagem animadora, normalizando a situação sem minimizar o que sinto. A educadora, mostrou uma disponibilidade, abertura e vontade enorme de fazer as coisas sem pressas, sem metas e da forma que fosse melhor para a Benny (felizmente as nossas circunstâncias permitem-nos isso, e sei bem que nem todos o podem fazer com tanto tempo e disponibilidade). Incentivou-me, deu-me dicas para facilitar o processo e fez-me sentir que não sou a única mãe a passar por isto, que há miúdos assim, pronto! Foi de uma empatia fora de série!

Com esta injecção motivacional, lá fui dormir na esperança que o dia seguinte corresse melhor.

4º dia

Só manhã. O processo está oficialmente entregue à minha pessoa. Lá vou eu, com um entusiasmo quase ridículo, a dizer que a escola é a melhor coisa do mundo, tem brinquedos fantásticos, os coleguinhas são uns amores, as educadoras umas queridas, que tem bolas e motas e carrinhos e bebés e livros e bonecada que nunca mais acaba…tudo isto com uma voz estridente e com um entusiasmo digno de internamento na ala de psiquiatria… Mas a miúda lá ia, até com um sorrisinho e tudo. Sorriso esse que passou quando entrou na sala. Fiquei um pouco com ela. Saí. Quando voltei a coisa não era tão negra…pelo menos não houve vómito. Houve choro intercalado com momentos de silêncio. A educadora, bastante animada “Correu melhor hoje Mafalda, chorou um bocadinho, mas não se compara com ontem”. Bom…ok, começo a ver uma luz ao fundo do túnel. ”Amanha vai correr melhor ainda!”, pensei eu.

Problema! Era sexta. Portanto correu melhor, mas nos dois dias seguintes não vai meter lá os pés e vai estar no bem bom e no miminho e no “faço o que me apetece” com os pais…Ora porra, raios parta os fins de semana (um dia vou engolir isto, eu sei!).

Conto-vos o resto, muito muito em breve. Não percam o próximo episódio, porque nós também não!

Ah! Bom fim de semana. Este, a nós, também não dava jeito nenhum.

A Benny vai à escola (#averdadesemfloreados) – Parte I was last modified: Setembro 21st, 2018 by Mafalda Igreja
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2 comments

A Benny vai à escola (#averdadesemfloreados) - Parte II - 2 AM Stories Setembro 24, 2018 at 9:44 am

[…] quem não leu a parte I desta aventura, podem ler aqui. Estão a ver aqueles miúdos que chegam à escola, dizem adeus aos pais (ou nem dizem) e lá vão […]

Reply
A Benny vai à escola (#averdadesemfloreados) - Parte III - 2 AM Stories Outubro 2, 2018 at 9:00 am

[…] ler e recordar a parte I e a parte II deste […]

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